Medo e ansiedade na adolescência: compreender, aceitar e lidar
Quem nunca sentiu medo? Quem nunca tremeu ao enfrentar uma situação nova? Quem nunca receou falhar, tirar uma má nota, dececionar a família, ser exposto ao ridículo, sentir-se sozinho, perder alguém, perder o controlo, não ser capaz!
Quem nunca sentiu o seu corpo trémulo, o seu pensamento vazio ou confuso, o coração a disparar… e quem nunca teve medo do próprio medo?
Em algum momento da nossa vida, todos experimentamos estas sensações, pois o medo é uma resposta natural a qualquer situação que ameace o nosso bem-estar. No entanto, quando um estado de tensão e preocupação se apodera da nossa vida e se generaliza a situações da vida diária que anteriormente não nos causavam qualquer apreensão, percebemos que podemos estar com um problema de ansiedade.
Por vezes, acontecimentos de vida stressantes ou inesperados podem desencadear o aparecimento ou o agravamento de problemas de ansiedade clinicamente significativos. No entanto, nem sempre conseguimos identificar o que desencadeou os sintomas, o que aumenta a sensação de perda de controlo.
Outro aspeto importante prende-se com a forma como lidamos com estes sintomas e com o desconforto que sentimos num momento de maior ansiedade. Quando não enfrentamos as situações de perigo percebido (não real), tendemos a evitar essas mesmas situações, fugindo delas, o que, por sua vez, reforça o problema. E é disto que o medo se alimenta!
Enfrentar as situações temidas e ser capaz de desafiar os próprios medos, interiorizando que, mesmo com medo, com um desconforto crescente e com o pensamento confuso, podemos ser capazes de dominar a situação, relativizar as suas consequências e aceitar as nossas fragilidades, é fundamental para que possamos transformar as situações temidas em situações cada vez menos ameaçadoras.
E assim, com persistência e aceitação das nossas emoções, seremos capazes de, gradualmente, recuperar a confiança e o controlo do nosso corpo, do nosso pensamento, da nossa vida!
Termino com algumas ideias que podem ajudar-te a proteger a tua saúde mental, num tempo cheio de desafios e de mudanças que exigem de nós maior resistência e capacidade de adaptação, sem medo de viver…
- Sê positivo e substitui os pensamentos negativos por outros mais otimistas (Eu estudei, farei o melhor que puder; Mesmo que me sinta nervoso, eu sei que sou capaz; Um dia de cada vez, darei o meu melhor; Sei que vou ficar bem, vai passar.)
- Organiza-te: quanto mais preparado te sentires para enfrentares as exigências do dia-a-dia, mais confiante te vais sentir e menor é a probabilidade de perderes o controlo.
- Não é o fim do mundo: mesmo que hoje algo não te corra bem, amanhã é outro dia. Não valorizes excessivamente o corre mal e foca-te no que podes melhorar.
- Aceita as tuas falhas: aceita-te com és e aprende a gostar de ti, com as tuas qualidades e defeitos, aceitando os teus limites e imperfeições.
- Relaxa: respira profundamente várias vezes ao longo do dia, descontrai fazendo aquilo que te dá prazer, mantém-te próximo dos amigos que te fazem sentir bem, pratica um desporto, caminha, ouve música, dança, pinta,…
- Tem um estilo de vida saudável: procura comer de forma equilibrada e dormir o suficiente.
- Pede ajuda: fala com alguém sobre o que estás a sentir. Poderás sentir-te melhor e encontrar estratégias para lidar com momentos difíceis.
- Enfrenta as situações e sê corajoso!
Por: Telma Salgado Leite (Serviço de Psicologia e Orientação)
Até breve!
Imagem por: Ana Sofia Barbosa Dos Santos (Aluna da E. S. D. Maria II)